Entrevista à Professora Doutora Sílvia Socorro, Diretora do 3º Ciclo de Estudos em Biomedicina
​
​
​
​
​
​
​
O Doutoramento em Biomedicina é um ciclo de estudos de qualidade reconhecida que recebeu a acreditação da A3ES pelo período máximo de 6 anos. A qualidade do ensino ministrado e da investigação desenvolvida nos últimos anos, tem permitido a realização de teses de doutoramento de elevado mérito científico, e com trabalhos que têm vindo a ser distinguidos a nível nacional e internacional. O impacto deste ciclo de estudos está também patente naquele que é o percurso dos seus Alumni, com pessoas a desenvolver atividade pós-graduada nos mais diversos setores, academia, indústria e serviços, a nível nacional e internacional. O Doutoramento em Biomedicina é a base de um percurso de sucesso e do desenvolvimento de carreiras de forma sustentada.
​
Uma das mais-valias do curso é a sua articulação com o Centro de Investigação em Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior (CICS-UBI), uma unidade de investigação financiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e que recebeu na última avaliação um orçamento de 1,2 milhões de euros. Desenvolvendo investigação interdisciplinar na interface da Biomedicina e Biotecnologia, e com foco nas doenças neurológicas e vasculares, desordens endócrinas e cancro, o CICS-UBI acolhe a grande maioria das teses realizadas no Doutoramento em Biomedicina.
​
A vantagem da escolha do programa doutoral em Biomedicina é a assim a possibilidade de ingresso num ciclo de estudos que permite a realização de teses de doutoramento numa ampla variedade de assuntos, de acordo com a formação e a atividade científica e tecnológica dos docentes/investigadores da UBI e do CICS-UBI. Isto inclui o desenvolvimento de linhas de investigação que contemplam todo o espectro da Biomedicina desde a investigação básica a nível celular e molecular, à investigação clínica e de base epidemiológica, assim como o desenvolvimento de produtos e processos biotecnológicos que permitem colmatar necessidades no diagnóstico e terapia de diversas doenças com impacto nas sociedades atuais.
​
Entrevista ao Doutor Luís Rato, PhD Biomedicina FCS-UBI
​
1. Sendo um dos alunos pioneiros da licenciatura em Ciências Biomédicas (CB) na Universidade da Beira Interior (UBI), lidou com um “mundo” completamente diferente do dos alunos atuais. Como vê essa evolução?
​
Luis Rato (LR): Creio que ao longo de todos estes anos tem sido feito um trabalho louvável por parte dos vários responsáveis que foram passando pelo curso em manter uma elevada qualidade do mesmo. Houve sempre uma enorme preocupação pois acompanharam-nos sempre de perto. Por outro lado o papel que os antigos alunos tiveram na condução desse processo também foi fulcral. Lembro-me que durante a licenciatura ao final de cada ano reunia-mos com o responsável de curso para discutirmos o que tinha corrido menos bem para que se corrigissem esses aspetos. Sei que também as gerações seguintes o fizeram e que os alunos mais recentes juntamente com o corpo docente responsável continuam determinados a que assim seja. É um bom sinal.
​
2. Do que tem conhecimento, acha que existem diferenças entre os biomédicos formados na Covilhã, relativamente aos formados em Aveiro ou no Algarve (principalmente)?
LR: Sem tirar mérito aos cursos de Ciências Biomédicas das Universidades de Aveiro e Algarve penso que o curso da UBI apresenta algumas vantagens para quem se forma nesta universidade. O plano curricular de Ciências Biomédicas da UBI é diferente do plano dos cursos de Aveiro e Algarve e isso sempre foi um elemento diferenciador do curso da UBI oferecendo uma formação interdisciplinar e que dota os alunos de uma capacidade de integrar equipas multidisciplinares tornando assim o leque de opções maior, mais diversificado. Isso hoje no mercado de trabalho torna-se um fator essencial.
3. Que alterações lhe parecem pertinentes a efetuar, de forma a elevar o nome do curso a nível nacional e internacional?
LR: As jornadas nacionais são sempre importantes para mostrar a nível nacional as Ciências Biomédicas. No entanto deve-se continuar a melhorar na divulgação de trabalhos, eventos que estejam ligados às Ciências Biomédicas. Estreitar ligações com entidades públicas e/ou privadas de modo a promover mais e melhor o nosso curso. A nível internacional as ações de intercâmbio de alunos e entre instituições devem ser melhoradas, pois permitem conhecer outras realidades (e nesta área a mobilidade é fundamental) mas também é uma forma de mostrar “fora de portas” o que o curso de Ciências Biomédicas pode oferecer.
4. Tendo sido o primeiro doutorado a completar os 3 ciclos na área de CB na UBI, como está a ver recompensado esse trabalho e dedicação?
LR: Com o reconhecimento e confiança por parte das pessoas com quem trabalhei de modo mais próximo sobretudo durante o doutoramento, nomeadamente o professor Pedro Oliveira, o Doutor Marco Alves e o Professor Eduardo Cavaco que também me tem acompanhado desde a licenciatura. Todo esse esforço foi ainda recentemente reconhecido pela obtenção de uma bolsa de pós-doutoramento, através do protocolo estabelecido entre o Banco Santander e a UBI, que me permitirá continuar a desenvolver trabalhos e que será uma rampa de lançamento para uma carreira científica onde possa desenvolver de modo mais independente ideias e projetos.
5. Sente que haja a necessidade de criação de uma Ordem que zele pelos interesses dos Biomédicos?
LR: Neste momento creio que se deve apostar na atual entidade que até agora representa os biomédicos, a Associação Nacional de Ciências Biomédicas. É uma associação relativamente nova portanto penso que melhorar, fortalecer e consolidar esta associação devem ser os objetivos.
6. Como vê as perspetivas de emprego dos Biomédicos na atualidade nacional?
LR: Não se pode negar que a atual conjuntura não será a mais fácil em termos de obtenção de emprego na área das ciências, mas a situação é transversal a todas as áreas. Como referi anteriormente a mobilidade é uma opção válida, mas existem outras oportunidades como o atual programa Portugal 2020 que poderá contribuir para a implementação de emprego científico ao nível nacional. Todavia as dificuldades existentes têm também levado uma mudança de comportamentos e de mentalidades sobretudo ao nível da capacidade empreendedora com o desenvolvimento de spin-offs e start-ups. Prova disso é a crescente aposta nos parques destinados à inovação e tecnologia espalhados de Norte a Sul do país. E temos casos de sucesso bem perto de nós. Devo também referir que como este assunto é algo preocupa, os alunos do 1ºano do mestrado de Ciências Biomédicas da UBI têm vindo a organizar um simpósio de emprego e oportunidades em Ciências Biomédicas sob a coordenação do Professor Eduardo Cavaco no âmbito da unidade curricular de Projeto em Ciências Biomédicas. Um excelente encontro dedicado ao emprego e oportunidades em Biomédicas.
7. Quais os principal conselhos que gostaria de transmitir aos atuais alunos de licenciatura/mestrado para atingirem o sucesso?
LR: Dedicação máxima desde o início e sejam curiosos, questionem, procurem oportunidades junto dos docentes, em eventos científicos pois apesar do tempo do curso ser curto é suficiente para as encontrarem. E claro procurem sempre fazer o que realmente gostam.

