Empresa de Biotecnologia diz que tem pronta para ser Testada Vacina Contra o Coronavírus
- 1 de março de 2020 -

Os primeiros ensaios clínicos podem começar em abril mas o processo até à aprovação pode demorar, pelo menos, um ano.
Seis semanas depois de ter começado a tentar encontrar uma forma de imunização contra o Covid-19, a empresa de biotecnologia americana Moderna já fez chegar uma vacina experimental aos investigadores do Instituto Nacional de Doenças Infecciosas e Alergias (NIAID, na sigla em inglês).
A nova vacina, a mRNA-1273, vai agora começar a ser testada num pequeno número de pessoas saudáveis. Segundo o diretor do NIAID, Anthony Fauci, é possível dar início, no final do próximo mês abril, a um ensaio clínico, o primeiro passo até poder ficar disponível.
O The Wall Street Journal, que adiantou a notícia, explica que duas doses da vacina deverão ser testadas num máximo de 25 voluntários para ver se produz uma resposta imunitária capaz de proteger contra o coronavírus que continua a alastrar-se pelo mundo e já infetou dezenas de milhares de pessoas. Se o ensaio clínico tiver sucesso, segue-se uma maratona de novos testes e aprovações dos organismos reguladores.
De acordo com a Moderna, a vacina que vai agora ser testada foi desenvolvida num prazo de 42 dias desde que obteve a informação genética do coronavírus. No caso da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), passaram-se 20 meses até uma vacina estar pronta para testes em humanos.
Pequeno Implante Cerebral Elétrico pode Conseguir Acordar Pessoas em Coma
- 2 de março de 2020 -

Quando uma pessoa está em coma, pode conseguir despertar gradualmente. Porém, se o estado do coma se prolongar, é raro que se volta a ganhar consciência. Um novo estudo mostrou que há uma minúscula zona no cérebro que, ao ser estimulada, pode acordar pessoas inconscientes.
Há pessoas que podem nunca conseguir acordar de um coma, entrando num estado vegetativo, parecendo acordados mas sem sinais de consciência. Estes pacientes podem, eventualmente, aumentar o estado de consciência – ou ficar em estado vegetativo durante vários anos.
Para ajudar estas pessoas, os cientistas têm tentado descobrir onde reside a consciência no nosso cérebro. Saber isso não só resolveria uma das principais questões da neurociência, como também poderia ajudar a desenvolver tratamento para “despertar” pessoas em coma.
Exames ao cérebro sugerem que uma área chamada tálamo, que se localiza acima do tronco cerebral, desempenha um papel na consciência. Num artigo publicado este mês na revista científica Neuron, investigadores da Universidade de Wisconsin-Madison identificaram um pequena zona nessa região – com apenas alguns milímetros de tamanho – que, quando estimulada adequadamente, parece acordar macacos inconscientes.
Primeiro, os cientistas inseriram elétrodos no cérebro de macacos, registando atividades de várias áreas do cérebro de cada vez. Ao estudar os animais quando estavam acordados, a dormir ou anestesiados, delimitaram a região que parecia estar envolvida com a consciência a uma área dentro do tálamo, com apenas entre 1 a 1,5 milímetros de diâmetro e 3 a 4 milímetros de profundidade, chamada tálamo lateral central.
Em seguida, usaram uma abordagem chamada estimulação cerebral profunda em macacos anestesiados para fornecer pulsos elétricos a essa região. A estimulação cerebral profunda, que envolve a inserção cirúrgica de elétrodos no cérebro para administrar a estimulação elétrica intermitente, é um tratamento aprovado para a doença de Parkinson, por exemplo. Também foi experimentado em alguns pacientes em coma, mas ajudou apenas algumas pessoas.
Em contraste com essas tentativas, a equipa usou elétrodos muito mais pequenos para atingir com precisão o tálamo lateral central. Quando ativaram a estimulação, houve um efeito imediato nos macacos.
“Cerca de dois segundos após o início da estimulação, os animais começaram a abrir os olhos e fazer movimentos corporais”, disse Yuri Saalmann, professor assistente de psicologia da Universidade de Wisconsin-Madison, de acordo com o OneZero. “O animal olhou ao redor da sala como se estivesse a sair da anestesia normalmente, apesar do facto de haver uma administração contínua de uma dose relativamente alta de anestesia”.
Quando a estimulação foi desligada, os macacos voltaram ao estado inconsciente em segundos.
Antes desta abordagem ser tentada em pacientes em coma, a equipa de Saalmann precisa de fazer mais estudos com animais. Os investigadores querem fazer estudos para ver se conseguem manter os macacos conscientes durante mais tempo para executar determinadas tarefas. Saalmann espera adotar a abordagem para ensaios clínicos em pacientes em coma dentro de alguns anos.”
Investigadores Encontraram uma Cura para a Diabetes (em Ratos de Laboratório)
- 3 de março de 2020 -

A Diabetes é uma doença metabólica crónica que se caracteriza pelo aumento dos níveis de açúcar no sangue (glicemia). Em Portugal existem mais de três milhões de pessoas com diabetes ou pré-diabetes, o que representa 40% da população portuguesa. Contudo, no mundo são apontados mais de 463 milhões de adultos com esta doença. Há um crescimento alarmante dizem os números e há uma urgência no seu tratamento.
Até à data, o tratamento mais comum tem sido gerir a doença com uma dieta cuidadosamente controlada e doses regulares de insulina, se necessário. No entanto, a cura pode estar já no horizonte.
Uma equipa de investigação da Universidade de Washington, Estados Unidos, descobriu no ano passado que a infusão de ratos com células estaminais poderia oferecer uma melhor opção de tratamento.
Com base nesta investigação, a mesma equipa pode ter encontrado uma cura: pelo menos em ratos de laboratório.
Ratos de laboratório podem ter a cura para a diabetes:
Os diabéticos são caracterizados pela sua dificuldade em produzir ou administrar insulina. Isto requer uma permanente e cuidadosa monitorização, uma dieta rigorosa, exercício e doses caras de insulina. A insulina é normalmente produzida no pâncreas, mas aqueles que têm diabetes não produzem o suficiente.
Assim, para tratar a diabetes, muitos diabéticos têm que vigiar os seus níveis de açúcar no sangue, e injetar a insulina diretamente na corrente sanguínea. O tratamento agora revelado supera estas doses e, em vez disso, usa células beta para segregar a insulina necessária.
O tratamento depende das células estaminais pluripotentes induzidas (IPSCs). Estas células são essencialmente uma “folha em branco” que podem ser enganadas para se tornarem praticamente qualquer outro tipo de célula no corpo.
Conforme apresentado neste novo estudo, a equipa melhorou a técnica que tinha desenvolvido no ano passado para produzir e introduzir estas células na corrente sanguínea. Ao converter as células estaminais num outro tipo de célula, sempre há erros e células aleatórias entram na mistura com as células produtoras de insulina. Estas células são inofensivas, mas não valem o seu peso.
“Quanto mais células fora do alvo forem conseguidas, menos células relevantes do ponto de vista terapêutico temos. Precisamos de cerca de mil milhões de células beta para curar uma pessoa com diabetes. Mas se um quarto das células produzidas são realmente células do fígado ou outras células do pâncreas, em vez de precisarmos de mil milhões vamos precisar de 1,25 mil milhões. Isso torna a cura da doença 25% mais difícil.” Explicou Jeffrey Millman, líder da investigação.
Células estaminais são a chave da cura:
O novo método vai livrar a amostra destas células indesejadas. A equipa de Millman construiu um processo que visava o citoesqueleto, a estrutura que dá às células a sua forma, e produziu não só uma percentagem maior de células beta eficazes, mas também células que funcionavam melhor.
Quando estas novas células foram infundidas em ratos diabéticos, os seus níveis de açúcar no sangue estabilizaram, deixando-os “funcionalmente curados” da doença durante nove meses.
É verdade, é apenas um ensaio em animais. Os resultados não devem ser interpretados como uma cura para humanos. Contudo, estamos perante um começo promissor.
Posteriormente, a equipa planeia continuar a testar estas células, mas agora em animais maiores. Além disso, o estudo deverá abranger períodos mais longos, com o objetivo de realizar testes clínicos em humanos no futuro.
O Método Revolucionário que Revelou um Antibiótico Capaz de Matar as Bactérias Mais Perigosas
- 4 de março de 2020 -

Um poderoso antibiótico capaz de matar algumas das bactérias mais resistentes e perigosas do mundo foi descoberto por uma equipe de pesquisadores que usa inteligência artificial.
É a primeira vez que um antibiótico é encontrado dessa maneira e, de acordo com especialistas, a descoberta é um avanço na luta contra o crescente problema de bactérias resistentes a esse tipo de medicamento.
Para encontrá-lo, foi utilizado um poderoso algoritmo que analisou mais de 100 milhões de compostos químicos em questão de dias.
O composto descoberto foi capaz de matar 35 tipos de bactérias capazes de matar, segundo os pesquisadores.
Nos últimos anos, as infecções resistentes a antibióticos aumentaram. Estima-se que cerca de 700 mil pessoas morrem no mundo todos os anos por problemas diretamente relacionados a esse tipo de bactéria.
Se os antibióticos forem tomados de maneira inadequada, as bactérias nocivas que vivem dentro do nosso corpo podem se tornar resistentes a eles — e isso significa que os medicamentos podem não funcionar quando realmente precisamos deles.
No entanto, encontrar novos antibióticos é um grande desafio.
Nova era
"Em termos de descoberta de antibióticos, isso é absolutamente pioneiro", disse Regina Barzilay, pesquisadora principal do projeto do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).
A descoberta foi feita usando um algoritmo inspirado na arquitetura do cérebro humano.
Os pesquisadores o treinaram para analisar a estrutura de 2.500 medicamentos e outros compostos para encontrar aqueles que tinham as melhores características antibacterianas contra a bactéria Escherichia coli.
Então eles selecionaram 100 candidatos para testá-los fisicamente e, assim, descobriram uma substância chamada halicina.
"Acho que este é um dos antibióticos mais poderosos já descobertos", disse James Collins, bioengenheiro da equipe do MIT.
"Queríamos desenvolver uma plataforma que nos permitisse aproveitar o poder da inteligência artificial para marcar o início de uma nova era de descoberta de antibióticos".
Peter Bannister, presidente do painel de assistência médica da Instituição de Engenharia e Tecnologia, disse que o método usado já estava "bem estabelecido" na pesquisa médica.
"A mesma abordagem ganhou popularidade no desenvolvimento de novas terapias, como produtos farmacêuticos, e, no caso desta pesquisa, em antibióticos nos quais o reconhecimento de padrões pode ajudar a classificá-los entre um grande número de moléculas", disse Bannister à BBC News.
"Este estudo vai além da simulação teórica e apresenta resultados pré-clínicos, que são essenciais, juntamente com ensaios clínicos subsequentes, para demonstrar claramente a eficácia e a segurança desses novos medicamentos 'descobertos pela inteligência artificial.
Os pesquisadores acrescentam que o uso de máquinas para acelerar a descoberta de medicamentos pode ajudar a reduzir o custo de gerar novos antibióticos no futuro.
Parkinson. Medicamento Experimental Reduz Movimento Involuntário em Macacos
- 5 de março de 2020 -

"Um novo estudo analisou um medicamento experimental para combater o efeito colateral da discinesia. Os resultados parecem dar esperança para um futuro tratamento para pacientes que sofrem de Parkinson.
Os pacientes de Parkinson sofrem de sintomas que afetam os seus movimentos, incluindo discinesia, que causa movimentos involuntários e torna as tarefas diárias um verdadeiro desafio. Agora, um novo estudo explorou o potencial de um medicamento experimental que reduz a sua gravidade – pelo menos em macacos.
A discinesia não é um sintoma direto do Parkinson, mas pode surgir como um efeito colateral de um fármaco comum no tratamento desta doença, chamado levodopa, que é transportado para o cérebro e convertido em dopamina. A deficiência de células de dopamina é considerada um fator-chave da doença de Parkinson, e fármacos como o levodopa podem ser usados para resolver o problema.
No entanto, cerca de metade dos pacientes que sofrem de Parkinson, e que tomam este medicamento, sofrem de discinesia cinco anos depois do tratamento. Já 80% sofrem este efeito colateral 10 anos depois.
Num recente estudo, financiado pelo Parkinson’s UK e realizado por uma empresa norte-americana de biotecnologia, a Neurolixis, os cientistas começaram a explorar a hipótese de a discinesia poder ser tratada com um medicamento experimental, chamado NLX-112.
Segundo o New Atlas, o NLX-112 tem como alvo os elementos do sistema de serotonina do cérebro que os cientistas acreditam impulsionar a discinesia. Ao limitar a capacidade destas células de libertar quantidades flutuantes de dopamina, o NLX-112 foi projetado para trazer alguma estabilidade e facilitar a natureza irregular dos sintomas da discinesia.
Os cientistas realizaram várias experiências em saguis, macacos da família dos Calitriquídeos, com sintomas semelhantes aos do Parkinson e discinesia, após um tratamento contínuo com levodopa. De acordo com os resultados, o NLX-112 reduziu com sucesso a discinesia, sem afetar significativamente a eficácia da levodopa.
Fármacos semelhantes a NLX-112 foram capazes de suprimir a discinesia, mas prejudicaram a eficácia da levodopa. Esta descoberta é um grande passo num futuro tratamento para a doença de Parkinson. O artigo científico foi publicado recentemente na Neuropharmacology.
Se este fármaco promissor resultar em seres humanos, poderá aliviar significativamente a discinesia que impede muitos pacientes de Parkinson de realizar tarefas diárias, melhorando a sua qualidade de vida."
Novo Estudo Revela os Segredos Misteriosos de como os Cancros se Formam
- 5 de março de 2020 -

Fonte:https://ciencianautas.com/novo-estudo-revela-os-segredos-misteriosos-de-como-os-canceres-se-formam/?fbclid=IwAR1LNGf243DP78moFLDxcOGUv5fsjmh9bhW9r0QdPT1cYMNzyVCOmlAS_AY
"Pesquisa levou uma década para sequenciar o material genético de 38 cancros e revelou como eles se originam, abrindo caminhos para novos tipos de tratamento para a doença.
Um estudo de uma década sequenciou os genomas de dezenas de cancros e revelou os segredos de como os tumores se formam, abrindo um caminho para um tratamento melhor e mais direcionado.
O Pan-Cancer Project reuniu mais de 1.300 pesquisadores em todo o mundo para enfrentar a gigantesca tarefa de sequenciar os genomas de 38 tipos de cancro em quase 2.800 pacientes.
O trabalho deles produziu uma série de novas descobertas — desde o número e a localização das chamadas mutações motoras que pressionam as células a se reproduzirem incontrolavelmente, até as surpreendentes semelhanças entre os cancros encontrados em diferentes tipos de tecido.
Os resultados foram publicados em quase duas dúzias de artigos na revista Nature e em outras revistas de pesquisa da Nature e representam o maior e mais abrangente estudo de genomas de cancro de todos os tempos.
“Com o conhecimento que adquirimos sobre as origens e a evolução dos tumores, podemos desenvolver novas ferramentas e terapias para detetar o cancro mais cedo, desenvolver terapias mais direcionadas e tratar os pacientes com mais sucesso”, disse Lincoln Stein, membro do Comité de direção do projeto, em uma declaração emitida pelo Ontario Institute for Cancer Research.
Entre as principais conclusões do trabalho está a enorme variedade de genomas de cancro, disse Peter Campbell, do Wellcome Sanger Institute, outro membro do Comité diretor.
“A descoberta mais impressionante é a diferença entre o genoma do cancro de uma pessoa e o de outra pessoa”, disse ele à AFP.
O estudo encontrou milhares de combinações de mutações em cancros individuais, além de mais de 80 processos que causam as mutações, algumas relacionadas à idade e outras herdadas ou ligadas a fatores do estilo de vida, como o tabagismo.
Mas dentro da enorme variedade havia “temas emocionantes”, disse Campbell. Por exemplo, o trabalho constatou que o desenvolvimento precoce de alguns tipos de cancro pode ocorrer décadas antes do diagnóstico, às vezes até na infância. “Isso mostra que a janela de oportunidade para intervenção precoce é muito maior do que esperávamos”, disse Campbell.
A pesquisa também descobriu que os padrões de mutações, e onde elas ocorrem, podem ajudar a identificar aproximadamente 1 a 5 por cento dos cancros que não podem ser identificados por meio de diagnósticos regulares.
Um genoma sequenciado pode até revelar erros de diagnóstico ocasionais de um tipo de cancro. A maioria dos trabalhos sobre sequenciamento do genoma do cancro se concentrou nos aproximadamente 2% conhecidos como genes codificadores de proteínas. Mas o Pan-Cancer Study sequenciou genomas inteiros, descobrindo novas mutações causadoras de cancro nos outros 98%, conhecidas como genes não codificadores.
Os pesquisadores descobriram uma enorme variação no número de mutações em um determinado cancro, de muito poucos em alguns tipos de cancro vistos em crianças, a até 100 mil em amostras de cancro de pulmão. E em cerca de 5% dos casos, nenhuma mutação driver conhecida foi encontrada, o que implica que existem mutações que ainda não foram identificadas.
O sequenciamento ajuda a mapear os múltiplos tipos de mutações — de alterações em letras únicas de DNA a inserções ou exclusões muito maiores de código genético — que podem causar cancro. Também revelou que os cancros em diferentes partes do corpo às vezes são muito mais parecidos do que se pensava.
“Podemos ter um tipo de cancro de mama e de próstata em que as mutações no driver são semelhantes”, disse Joachim Weischenfeldt, co-autor e professor associado da Universidade de Copenhaga. “Isso significa que a paciente com cancro de próstata pode se beneficiar do mesmo tratamento que você daria à paciente com cancro de mama”, disse ele em comunicado.
Em termos práticos, os resultados ajudarão a identificar cancros difíceis de diagnosticar, permitir um tratamento mais direcionado com base nas mutações específicas do driver por trás de um cancro em particular e potencialmente permitir o diagnóstico precoce de tumores em desenvolvimento.
“Estamos descobrindo que o cancro representa o extremo de um enorme espetro de mudanças”, disse Campbell. “Se pudermos entender as forças em jogo nos nossos órgãos normais à medida que envelhecemos, o que causa o acumulo de mutações, o que faz com que alguns clones se expandam e outros desapareçam, o que o estilo de vida faz para inclinar esse equilíbrio, então podemos pensar em maneiras de intervir precocemente, com o objetivo de prevenir ou retardar o surgimento de cancro intratáveis”, concluiu o pesquisador."
Cientistas Chineses Desvendam a Estrutura de Proteína que Transporta o Coronavírus
- 6 de março de 2020 -

Fonte:https://www.publico.pt/2020/03/05/ciencia/noticia/cientistas-chineses-identificam-estrutura-proteina-transporta-coronavirus-1906532?fbclid=IwAR35cVnpiYerBANsWAXVFd8ZMVouBC5wwXFghpeJjwMc4UCqbIBcL-VwPvY
"O novo coronavírus sequestra a proteína ACE2 para entrar nas células humanas. Já morreram mais de 3000 pessoas e o número de infectados é superior a 90 mil.
Uma equipa de cientistas chineses identificou a estrutura completa da proteína ACE2, que o coronavírus usa para entrar nas células humanas, o que pode facilitar o desenvolvimento de possíveis terapias antivirais.
O estudo, publicado esta quarta-feira na revista científica Science, é assinado por investigadores de três instituições da China, país onde o coronavírus, que provoca a doença Covid-19, foi detectado pela primeira vez, no final do ano passado.
“A nossa descoberta não só ajuda a compreender a mecânica da infecção viral” como também “facilita o desenvolvimento de técnicas de deteção do vírus e possíveis terapias antivirais”, dizem os autores do estudo, citados na revista.
A equipa, liderada por Renhong Yan, do Instituto Westlake de Estudos Avançados, analisou e descreveu a estrutura da proteína ACE2, que não se conhecia totalmente até agora.
É a proteína ACE2 que o novo coronavírus “sequestra” para entrar nas células humanas.
O surto de Covid-19, detetado em dezembro, na China, e que pode causar infecções respiratórias como pneumonia, provocou cerca de 3200 mortos e infectou mais de 94 mil pessoas em 80 países, incluindo seis em Portugal.
Das pessoas infectadas, cerca de 50 mil recuperaram.
O Nosso Cérebro Muda Enquanto Comemos
- 7 de março de 2020 -

Fonte:https://zap.aeiou.pt/cerebro-muda-comemos-312236?fbclid=IwAR2qyVl-T_Bd55oeakUbe-lKhl2L5uV1Z_hM0pQMkn_XDUwBI0IIeOfAZ0w
"Um estudo realizado em camundongos mostra que se produzem algumas reações no cérebro destes animais depois do aumento dos níveis de glicose no sangue.
Quando temos fome comemos e quando comemos ficamos saciados. Isto parece uma coisa óbvia, mas os mecanismos fisiológicos que o tornam possível são mais complexos do que pensamos. Agora, avança o jornal ABC, uma equipa de cientistas revela qual é o mecanismo que ativa essa sensação de saciedade depois de comermos.
Suspeita-se que a saciedade e a fome dependem em parte da plasticidade sináptica, a capacidade dos neurónios de reconfigurar as suas conexões em resposta a certos estímulos.
Mas, agora, o estudo do Centro Nacional de Investigação Científica (CNRS), realizado com camundongos, mostrou que estes circuitos neurais se ativam durante uma refeição, regulando o comportamento dos animais. Porém, parece que a plasticidade sináptica não interfere.
Os investigadores focaram-se em alguns neurónios do hipotálamo que respondem a uma molécula chamada POMC (pró-opiomelanocortina). Estes regulam o apetite, a ingestão de alimentos, o comportamento sexual, a amamentação e até o ciclo reprodutivo.
Para percebermos a sua importância, estes neurónios estão interconectados com muitos outros e as suas conexões são especialmente maleáveis e sensíveis a alterações hormonais.
Paradoxalmente, os cientistas observaram que estes circuitos não mudam depois de um camundongo fazer uma refeição equilibrada. No entanto, aconteceu algo ainda mais surpreendente: As células nervosas que geralmente apoiam os neurónios — astrócitos — mudam de forma (mais especificamente, retraem-se).
No caso dos neurónios POMC, os astrócitos atuam, geralmente, como limitadores da sua atividade. Mas os cientistas notaram que, depois de comer, quando os níveis de glicose no sangue aumentam, esses astrócitos detetam o sinal e retraem-se cerca de uma hora. De seguida, os neurónios POMC ativam-se, libertando hormonas e sinais que induzem a sensação de saciedade e que levam o animal a não comer mais.
Curiosamente, a equipa percebeu que uma refeição rica em gordura não ativa este mecanismo. Por isso, num futuro próximo, vai tentar perceber se isto significa que a gordura é menos eficaz na hora de saciar ou se, pelo contrário, induz a saciedade de outra forma. Outra opção é a gordura poder ativar uma sensação de prazer viciante sem chegar a criar saciedade, o que seria realmente uma bomba-relógio para o nosso cérebro.
O estudo foi publicado, esta terça-feira, na revista científica Cell Reports."
Nova Espécie Encontrada na Fossa das Marianas já tinha Plástico
- 8 de março de 2020 -

Fonte:https://www.publico.pt/2020/03/05/ciencia/noticia/nova-especie-encontrada-fossa-marianas-ja-plastico-1906507?fbclid=IwAR1ecHz5CD92e0Z3OgOGWlTtTK3eqq5spr4eYbviKIEH-wSVevLE6pumCDE
"A nova espécie foi baptizada de Eurythenes plasticus, devido ao plástico que tinha ingerido.
A 6900 metros de profundidade, em plena Fossa das Marianas, foi descoberta uma nova espécie de anfípode, pertencente à ordem dos crustáceos. Mesmo nesta parte do oceano Pacífico, o lugar mais profundo do planeta, esta espécie já foi encontrada com plástico. Por isso, foi baptizada com o nome científico de Eurythenes plasticus. O anúncio é feito esta quinta-feira na revista científica Zootaxa.
Já vai sendo bem conhecida a longa viagem que os plásticos fazem até chegarem aos organismos marinhos. Num comunicado da World Wide Fund for Nature (WWF) – que apoiou esta investigação –, destaca-se que “como a maior parte do lixo plástico não pode ser reciclado, acaba por ser queimado ou despejado em aterros”. Acaba assim por chegar aos rios e oceanos. Aqui, vai espalhar-se pelas águas e decompor-se em microplásticos e nanoplásticos. Com estas dimensões minúsculas, torna-se fácil que o plástico seja ingerido pelos organismos marinhos.
No Eurythenes plasticus foi encontrado polietileno tereftalato (PET), uma substância existente numa grande quantidade de itens domésticos de uso comum, como garrafas de água e roupa. “Decidimos nomeá-lo Eurythenes plasticus, pois queríamos destacar o facto de precisarmos de tomar medidas imediatas para impedir o dilúvio de resíduos plásticos nos nossos oceanos”, diz no comunicado Alan Jamieson, chefe da missão de investigação e da Universidade de Newcastle, no Reino Unido.
Mesmo assim, Catarina Grilo (directora de Conservação e Políticas da ANP/WWF – Associação Natureza Portugal/World Wide Fund for Nature) ressalva que nem todos os espécimes da Eurythenes plasticus foram encontrados com plástico. “Ainda há esperança de que muitos mais espécimes de E. plasticus sejam isentos de plástico e que o seu nome sirva apenas de lembrança da extensão da poluição marinha por plásticos no mundo”, refere também no comunicado.
Já Heike Vesper, director do programa marinho da WWF da Alemanha, diz que esta espécie nos mostra as consequências tão abrangentes da nossa utilização excessiva e fraca gestão dos plásticos. “Existem espécies que vivem nos lugares mais profundos e remotos da Terra que já ingeriram plástico antes mesmo de serem conhecidas pela humanidade”, alerta. Uma delas tornou-se agora uma das caras da crise da poluição do plástico."
!"
Identificada hormona que faz com que as mulheres sintam mais dor que os homens
- 9 de março de 2020 -

"Uma equipa de cientistas descobriu que a hormona prolactina, associada à produção de leite nas glândulas mamárias, pode ser a razão pela qual as mulheres são mais vulneráveis ao desenvolvimento de síndromes de dor funcional.
Cientistas da Faculdade de Medicina da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, revelaram a razão pela qual as mulheres podem ser mais vulneráveis do que os homens a desenvolver dor. O motivo prende-se com a hormona prolactina, associada à produção de leite nas glândulas mamárias.
Frank Porreca, professor da universidade norte-americana, explicou que as mulheres sentem alguns tipos de dor que ocorrem sem a existência de qualquer lesão – as chamadas síndromes de dor funcional.
Como os cientistas nunca apuraram a razão pela qual as mulheres são alvo destas síndromes e os homens não, os investigadores desta universidade decidiram analisar este assunto ao pormenor. Para chegar a uma conclusão, a equipa explorou as diferenças nas células e nos nervos que enviam sinais de dor ao cérebro em mulheres e homens.
As descobertas, publicadas recentemente na Science Translational Medicine, indicam que novas terapias de controlo da dor voltadas para o sistema prolactina beneficiariam as mulheres que sofrem de síndromes funcionais da dor – como enxaquecas, fibromialgia ou intestino irritável, que afetam principalmente a população feminina.
De acordo com o investigador, muitos destes episódios são intermitentes e estão associados a eventos desencadeantes. O principal é o stress, que liberta prolactina e faz com que a dor apareça seletivamente nas mulheres. O álcool, a fadigas e perturbações do sono são outros gatilhos, adiantou o cientista, citado pelo Tech Explorist.
Os cientistas estão atualmente a trabalhar com medicamentos que atuam no recetor dopamina D-2, o que limita a libertação de prolactina. Estes fármacos, possivelmente em combinação com outros, podem ajudar a tratar estas condições de dor em mulheres de maneira mais eficaz, sem as propriedades viciantes dos opióides."
Coronavirus: China Looking at Using Stem Cell Therapy to Treat Severe Cases
- 9 de março de 2020 -
NOTA: A notícia encontra-se em Inglês

Fonte:https://www.straitstimes.com/asia/east-asia/coronavirus-china-looking-at-using-stem-cell-therapy-to-treat-severe-cases?fbclid=IwAR06026fS3EqlD8Tk2HS2AUEDwXEuGb-zuiX8t_NHt-aQ5AyVT1_vCt0dG0
"BEIJING (XINHUA) - Chinese researchers are studying the use of stem cell technology in the treatment of people critically ill with the coronavirus, the Science and Technology Daily reported.
Four Covid-19 patients who received stem cell treatment while in a serious condition have been discharged from hospital after recovering, and the clinical trial of the therapy will be further expanded, Vice-Minister of Science and Technology Xu Nanping, was cited by the paper as saying.
Stem cells can self-renew or multiply while maintaining the potential to develop into other types of cells. They can become cells of the blood, heart, lungs or other body parts.
Stem cells also have a strong secretory function, promoting the formation of new blood vessels, cell proliferation and differentiation, and inhibiting inflammatory response, experts say.
Stem cell therapy has also been used in treating H7N9 avian flu and showed good results.
According to the Ministry of Science and Technology, the Chinese Academy of Sciences has developed a new stem cell drug, CAStem, which has shown promising results in treating Covid-19 in animal experiments.
The research team has applied for urgent assessment by the National Medical Products Administration. Approvals by the ethics committee, and clinical observation and evaluation are in progress.
Another research team from the fifth medical centre of the Chinese PLA General Hospital is cooperating with hospitals and institutions in Wuhan - the epicentre of the epidemic - and northern China's Tianjin municipality to conduct clinical research on the safety and effectiveness of mesenchymal stem cell therapy in treating Covid-19 patients.
A research team at the School of Medicine of the Tongji University is studying universal lung stem cell therapy that can be widely used in the epidemic control. The therapy is expected to enter the clinical stage soon.
Professor Zuo Wei, head of the research team and the chief scientist of a national key research project on stem cells, said that the research now mainly focuses on improving the condition of critically ill Covid-19 patients.
He explained that when the patients are in a severe condition, the cause of deterioration and even death is the "inflammatory storm", when the human immune system is over-activated by the infection.
That will damage the lungs and impair breathing. Some severe patients may have respiratory failure. "Lung inflammation and injury are the focus of the treatment of severe patients," Prof Zuo said.
The damage to lung tissue can be fatal, and stem cell therapy is expected to help repair the damage, Prof Zuo added.
Currently, three kinds of stem cells - mesenchymal, lung and embryonic stem cells - are used in treatments. Researchers usually inject stem cell products into the lungs.
Stem cells can improve the immune microenvironment in the lungs and reduce the risk of pulmonary failure caused by inflammation.
Stem cells have the potential of self-renewal and differentiation, and can develop into corresponding functional cells and alveoli, and then repair the damaged tissue, Prof Zuo said.
However, the wider use of stem cell technology to treat Covid-19 is still some time away.
The safety and effectiveness of a new drug or therapy need to be verified with sufficient clinical trials, Prof Zuo stressed."
Pesquisadores da USP Produzem Coronavírus em Laboratório
- 10 de março de 2020 -

Fonte:https://exame.abril.com.br/ciencia/pesquisadores-da-usp-produzem-coronavirus-em-laboratorio/?fbclid=IwAR34r0TpYb8KV-xBxlQk_HOGE9iGdCZdjnbxnJLVAXFCFCmNHZMgeySFKQA
"Falta dessas amostras do vírus para serem usadas como controles positivos era um dos fatores que limitavam o diagnóstico de coronavírus no Brasil.
São Paulo — Pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) conseguiram isolar e cultivar em laboratório o coronavírus SARS-CoV-2 obtido dos dois primeiros pacientes brasileiros diagnosticados com a doença no Hospital Israelita Albert Einstein.
Os vírus serão distribuídos para grupos de pesquisa e laboratórios clínicos públicos e privados em todo o país com o objetivo de ampliar a capacidade de realização de testes diagnósticos e avançar em estudos sobre como a doença é causada e se propaga.
“A disponibilização de amostras desse vírus cultivados em células permitirá aos laboratórios clínicos terem controles positivos para validar os testes de diagnóstico, de modo a assegurar que realmente funcionem”, disse à Agência FAPESP Edison Luiz Durigon, professor do ICB-USP e coordenador do projeto, apoiado pela FAPESP.
De acordo com o pesquisador, a falta dessas amostras do vírus para serem usadas como controles positivos era um dos fatores que limitavam o diagnóstico de coronavírus no Brasil.
Como o SARS-CoV-2 surgiu no exterior, as amostras de vírus que têm sido utilizadas como controle positivo nas técnicas de diagnóstico empregadas por laboratórios brasileiros nesse início do surto no país são importadas da Europa e dos Estados Unidos, a um custo que varia entre R$ 12 mil e R$ 14 mil.
Por isso, o diagnóstico de casos da doença no país tem sido feito principalmente por laboratórios privados e laboratórios de referência no setor público que têm recebido os casos suspeitos.
Na rede pública, quatro laboratórios de referência nacional realizam os testes atualmente: Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo; Instituto Evandro Chagas, no Pará; Fiocruz, no Rio de Janeiro; e Laboratório Central de Goiás, que foi capacitado para realização do exame específico para coronavírus dos brasileiros repatriados da China.
O primeiro teste tem sido feito pelos hospitais de referência de cada estado e o material coletado é então encaminhado para um desses quatro laboratórios para contraprova.
“Os vírus que conseguimos cultivar em laboratório poderão ser usados em um kit para diagnóstico que o Ministério da Saúde distribuirá para os Laboratórios Centrais de Saúde Pública [Lacens] em todo o país. Com isso, todos os estados estarão aptos a realizar o diagnóstico”, disse Durigon.
Os vírus serão distribuídos para os laboratórios clínicos inativados, ou seja, sem a capacidade de infectar células, e em temperatura ambiente. Os vírus importados hoje pelos laboratórios brasileiros têm de ser transportados sob refrigeração, em gelo seco, o que encarece muito o frete, explicou o pesquisador.
Os laboratórios clínicos receberão alíquotas com mais ou menos 1 mililitro (ml) de vírus inativado. O ácido nucleico dessas amostras será então extraído e usado como controle positivo em exame baseado na técnica conhecida como RT-PCR (reação em cadeia da polimerase em tempo real, na sigla em inglês).
Essa técnica permite amplificar o genoma do vírus em uma amostra clínica, aumentando em milhões o número de cópias do RNA do coronavírus. Dessa forma, é possível detectá-lo e quantificá-lo em uma amostra clínica.
“O PCR permite fazer o diagnóstico em até quatro horas. Mas ainda são poucos os laboratórios no país que têm o equipamento disponível”, disse Durigon.
A fim de superar essa limitação, os pesquisadores também pretendem desenvolver outros testes de diagnóstico baseados em outras técnicas mais acessíveis, como análise por imunofluorescência – método que permite visualizar antígenos em uma amostra por meio de corantes fluorescentes.
“Se conseguirmos validar um teste desse tipo específico para o coronavírus seria possível que outros laboratórios e hospitais que não têm o equipamento para o exame por RT-PCR também façam diagnóstico”, avaliou Durigon.
O legado do zika:
Segundo o pesquisador, o isolamento e a reprodução do coronavírus em laboratório foram possíveis por meio de recursos obtidos da FAPESP para a instalação no ICB-USP de dois laboratórios de nível de biossegurança 3, destinados à manipulação de agentes com potencial de causar doenças graves ou infecção letal. A infraestrutura foi inicialmente criada para o cultivo do vírus zika.
A construção desses laboratórios no início de 2016, no auge da epidemia do vírus zika no país, tem permitido cultivar, agora, não só o coronavírus, mas também o influenza (causador da gripe) e outros, a fim de avançar no diagnóstico de vírus emergentes, ressaltou Durigon.
“Quando houve o surto de zika, no final de 2015, fomos pegos de surpresa e conseguimos, com recursos da FAPESP, também ser os primeiros a isolá-lo e cultivá-lo em laboratório para disponibilizá-lo para os laboratórios e grupos de pesquisa”, disse.
Por meio de um projeto denominado “Genoma Vírus”, também apoiado pela FAPESP, iniciado em 2003, foi possível formar e capacitar uma rede de 18 laboratórios no Estado de São Paulo para fazer diagnóstico de vírus respiratório por RT-PCR e sequenciamento de genoma.
Com o surgimento do vírus zika, a rede foi acionada e permitiu avançar no diagnóstico e na compreensão da doença no país, afirmou Durigon.
“Por isso o financiamento contínuo à pesquisa é importante. Em razão dos investimentos feitos no passado há uma infraestrutura de pesquisa em São Paulo que permitirá responder mais rapidamente às demandas, sem sair do zero”, disse. O grupo de pesquisadores da USP tem monitorado a circulação sazonal de quatro outros coronavírus nos país. Os resultados dos estudos indicaram que a circulação acontece principalmente no inverno.
“É provável que São Paulo e Rio Grande do Sul tenham maior número de casos de infecção no inverno porque são os estados mais frios”, afirmou Durigon."
“Paciente de Londres” em Remissão de VIH há 18 meses
- 11 de março de 2020 -

Fonte:https://www.publico.pt/2019/03/05/ciencia/noticia/paciente-londres-remissao-vih-ha-18-meses-1864216?fbclid=IwAR0x53VRh8R1_WcNCGwxf92i84GqE9FF5-AJ1VYTHI0mJe1V_J6nnQ4qN7o
"É o segundo caso de um doente em remissão de VIH após um transplante de medula. Apesar do optimismo, ainda é cedo para falar em cura, avisam os cientistas que assinam o artigo da revista Nature.
O “paciente de Berlim” era, até agora, um extraordinário caso único na longa história do vírus da sida. Timothy Ray Brown recebeu um transplante de medula óssea em 2007 de um dador que tinha uma mutação específica num determinado gene e conseguiu livrar-se do VIH. O sucesso nunca mais se repetiu. Porém, esta terça-feira uma equipa internacional de cientistas anuncia na revista Nature que há um novo doente que também recebeu um transplante de medula óssea de um dador com a mesma mutação no mesmo gene e que está em remissão há 18 meses. Esta é a história do “paciente de Londres”.
Em 2007, quando Timothy Brown recebeu o seu transplante de medula óssea, já se sabia que existia um gene que abria a “porta” dos linfócitos-T CD4+ para a infecção do VIH e que quando este gene tinha uma mutação as pessoas tornavam-se resistentes ao vírus. Quando há um defeito nesta “chave”, a porta não se abre. É, infelizmente, uma mutação rara, sabendo-se que aparece em cerca de 1% dos europeus. Nessa altura, procurou-se um dador de medula compatível com Timothy Brown, mas também que tivesse essa mutação nos receptores CCR5 dos linfócitos-T CD4+. Escusado será dizer que encontraram o dador e que, passados mais de dez anos, Timothy Brown continua sem sinais da infecção do VIH. Quando esteve em Lisboa, em 2016, Timothy Brown disse que não queria ser “a única pessoa no mundo que se curou do VIH”. Talvez o seu desejo se tenha, finalmente, tornado realidade.
O homem que alguns investigadores já chamam “paciente de Londres” soube que estava infectado com VIH-1 em 2003. Em 2012 recebeu o diagnóstico de um linfoma de Hodgkin, um tipo de cancro. Timothy Brown, recorde-se, tinha uma leucemia, um cancro diferente mas que também tem origem nas células do sangue, e foi por isso precisou de um transplante de medula óssea. Para o tratamento do cancro deste novo paciente com linfoma exigia-se também um transplante de medula óssea. E, claro, procurou-se também alguém com a rara mutação.
O investigador Ravindra Gupta, do Departamento de Infecção e Imunidade do University College de Londres, no Reino Unido, coordenou o trabalho que conseguiu repetir o sucesso da remissão do VIH, uma década depois do primeiro e único caso. Não que outros não o tivessem tentado antes. O artigo publicado na Nature menciona outras tentativas em que doentes infectados com VIH receberam transplantes com células que tinham o gene CCR5 mutado mas que, infelizmente, mais tarde ou mais cedo acabaram por fracassar. Apesar de nalguns casos ter sido possível diminuir a carga viral, as experiências realizadas até agora nunca conseguiram “limpar” os sinais do vírus ou evitar uma recaída na sequência de uma interrupção na terapia anti-retroviral.
O paciente tratado por Ravindra Gupta passou por vários esquemas terapêuticos com diferentes regimes e combinações, mas deixou de tomar a terapia anti-retroviral 16 meses depois do transplante de medula. Ao contrário de Timothy Brown, este homem não precisou de submeter-se a um tratamento agressivo com dois transplantes de medula óssea precedidos por duas irradiações completas de corpo inteiro. Os autores confirmaram que, neste novo caso, o ARN do VIH-1 ficou indetectável após um transplante e o paciente permanece em remissão há já 18 meses.
No artigo, os investigadores sublinham ainda que há semelhanças e diferenças entre o caso de Berlim e este agora divulgado. Nos dois casos, dizem, foi usada uma medicação profiláctica semelhante para uma complicação que pode surgir nestes transplantes (a doença do enxerto contra o hospedeiro) e que se terá manifestado de uma forma ligeira mas o suficiente para um efeito positivo na perda de células infectadas com VIH. Entre as diferenças, assinala-se por exemplo o facto de existir um genótipo diferente antes dos transplantes, ou seja, terem variantes diferentes do CCR5. Finalmente, sublinham os cientistas, o paciente alcançou remissão completa após um único transplante de medula óssea, enquanto o paciente de Berlim terá apresentado uma recaída e recebeu quimioterapia adicional antes de um segundo transplante.
Saber o que foi feito de diferente e o que foi igual é importante para tentar repetir o sucesso, mas o mais importante será mesmo o resultado final. “Este estudo demonstra que o ‘paciente Berlim’ não era uma anomalia”, escrevem no artigo em que defendem que a remissão da infecção pelo VIH pode ser alcançada com regimes de fármacos de intensidade reduzida e que um único transplante de medula óssea será suficiente sem que seja necessário recorrer a irradiação corporal total. O que observaram concluem, “apoia o desenvolvimento de estratégias de cura do VIH que impeçam a expressão do co-receptor CCR5”.
“Ainda é demasiado cedo”
Para já, a história do paciente de Londres é, pelo menos, encorajadora, comenta Graham Cooke, especialista em doenças infecciosas do Imperial College de Londres. “Outros pacientes tratados de forma semelhante desde o ‘paciente de Berlim’ não viram resultados semelhantes. Isso deve encorajar os pacientes com VIH que precisam de transplante de medula óssea a considerar um dador negativo para CCR5, se possível”, refere o investigador, acrescentando que para chegar perto do objectivo de uma possível cura do VIH é preciso esclarecer ainda “por que é que o procedimento funciona em alguns pacientes e não em outros”.
Numa outra reacção ao artigo divulgada na revista Nature, Andrew Freedman, especialista da Universidade de Cardiff, coloca igualmente um travão no entusiasmo: “Como os autores alertam, ainda é demasiado cedo para ter certeza de que este segundo paciente foi curado do VIH.” Por outro lado, o investigador que não participou neste trabalho frisa que este tipo de abordagem não é adequado para tratar os milhões de pessoas infectadas em todo o mundo com VIH. Não é um caminho fácil, nem será uma solução para todos os doentes infectados com VIH. Por trás destes dois casos de sucesso, está um transplante de medula óssea que é um procedimento delicado, difícil e caro.
O estudo, concede, pode ajudar a desenvolver uma cura para o VIH, mas é igualmente provável que isso demore muitos anos ainda. Assim, até essa altura, “a ênfase deve permanecer no pronto diagnóstico do VIH e no início da terapia anti-retroviral combinada ao longo da vida”, diz Andrew Freedman. “A terapia anti-retroviral é altamente eficaz tanto para restaurar a expectativa de vida quase normal como para prevenir a transmissão para outras pessoas."
Desvendados Segredos da Bactéria E. Coli no Labirinto dos Intestinos
- 12 de março de 2020 -

Fonte:https://www.publico.pt/2020/03/11/ciencia/noticia/desvendados-segredos-bacteria-coli-labirinto-intestinos-1907119?fbclid=IwAR2LXgqlh2dgn708O3d6Vr0SiI5n2kJpNhH4PtJW55ruzYMGHvWoWORpsgw
"Equipas do Instituto Gulbenkian de Ciência, em Oeiras, descobriram dois mecanismos da Escherichia coli relacionados com o envelhecimento e a competição por nutrientes."
Os intestinos podem ser um autêntico labirinto. Lá, existem diferentes compartimentos, onde se compete por espaço, por nutrientes ou tem de se lidar com inflamações. E quem melhor do que cientistas para enveredarem por esses caminhos e tentarem desvendar os segredos dos microrganismos dos intestinos? Desta vez, ao entrarem nessa encruzilhada, investigadores do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC), em Oeiras, descobriram dois mecanismos da bactéria Escherichia coli. Por um lado, viram que a evolução desta bactéria pode tornar-se patogénica na população idosa e, por outro, que o seu metabolismo difere se estiver sozinha ou acompanhada.
Em 2014, percebeu-se pela primeira vez que a E. coli desenvolvia mutações genéticas de forma rápida no seu hospedeiro, conta-se num comunicado do IGC sobre os dois artigos agora publicados na revista científica Current Biology sobre os segredos da bactéria. Surgiram assim perguntas que deram origem a novos trabalhos: qual a influência do envelhecimento do hospedeiro na bactéria? Quais as influências de outras espécies de bactérias nela?
Comecemos por responder à primeira questão. A equipa de Isabel Gordo quer entender como evoluem bactérias. Como se sabe que o envelhecimento pode contribuir para mudanças na genética e composição desses microorganismos, introduziu-se a E.coli nos intestinos de ratinhos jovens e nos de outros mais velhos para se ver como a bactéria evoluía. Em apenas um mês, viu-se que a E. coli adquiria mutações genéticas capazes de se adaptarem ao stress do intestino inflamado dos ratinhos mais velhos.
“Observámos [nos ratinhos mais velhos] a ocorrência de mutações em genes do genoma da E. coli que estão envolvidos em características de patogenicidade, como alterações de mobilidade e resposta a stress”, explica ao PÚBLICO Isabel Gordo. Desta forma, concluiu-se que a evolução desta bactéria na população mais velha pode torná-la “potencialmente patogénica e aumentar o risco de doenças”, como a doença de Crohn.
Este é o primeiro estudo que caracteriza o processo de evolução de uma bactéria em intestinos envelhecidos. “Contribuirá para uma investigação futura mais exaustiva sobre a contribuição que este processo possa ter nas mudanças do microbioma e na saúde dos idosos”, adianta a cientista. A sua equipa pretende agora começar a estudar a evolução da E. coli em animais muito mais velhos e com intestinos inflamados. Inicia-se assim uma nova investigação focada no estudo destes mecanismos em pessoas com doenças inflamatórias dos intestinos.
Sozinha e acompanhada
Já a equipa de Karina Xavier quis saber como é que a E. coli actua, por um lado, sozinha e, por outro, acompanhada por outras bactérias. Para isso, a sua equipa começou por introduzir a bactéria sozinha em ratinhos. Viu-se então que era uma boa colonizadora, ganhava bastante espaço no seu meio e consumia aminoácidos. “Ao fim de um mês de colonização, sequenciámos o genoma da E. coli e observámos que quando estava sozinha acumulava mutações genéticas num gene envolvido no consumo de aminoácidos”, relata ao PÚBLICO a investigadora. Observou-se ainda que essas mutações faziam com a bactéria consumisse de forma mais eficiente serina – o seu aminoácido preferido.
Se estivesse acompanhada por outra bactéria – neste caso, a Blautia coccoides – as alterações genéticas da E. coli ocorriam de forma mais acelerada. Isto é, há competição pelos nutrientes disponíveis e a E. coli passa a “alimentar-se” de nutrientes que só passam a estar disponíveis quando há outras bactérias envolvidas. “[Verificou-se que], na presença de outros membros da microbiota, a E. coli consome preferencialmente açúcares simples que são libertados por outros membros da microbiota”, explica Karina Xavier.
Descodificado o Genoma dos Primeiros Casos do Novo Coronavírus em Portugal
- 13 de março de 2020 -

"Na próxima semana, espera-se que estejam já sequenciados entre 30 a 40 genomas coronavírus SARS-Cov-2 de doentes portugueses."
Para enfrentar o novo coronavírus, nada melhor do que sequenciar o seu genoma. Assim, conseguimos ver o seu íntimo e detectar as suas fraquezas e fortalezas. Em todo o mundo, já foram obtidos vários genomas do SARS-Cov-2. Em Portugal, o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) sequenciou o genoma dos dois primeiros casos do novo coronavírus em Portugal. Espera-se que na próxima semana estejam já sequenciados entre 30 a 40 genomas de casos em Portugal. Este trabalho terá um contributo determinante no desenvolvimento de uma vacina e no aconselhamento das medidas de saúde pública a adoptar.
A China sequenciou o primeiro genoma do SARS-CoV-2 logo em Janeiro, o que permitiu desenvolver de forma rápida um teste genético que indica se a pessoa está ou não infectada. Entretanto, já foram tornados públicos mais de 400 genomas de casos em quase 30 países.
Os primeiros casos positivos em Portugal foram anunciados a 2 de Março. Tinha chegado então a vez de Portugal sequenciar o genoma do vírus destes casos. “Não há obrigatoriedade [para o fazermos], mas há o pedido para que as pessoas partilhem publicamente este tipo de sequências”, refere João Paulo Gomes, responsável do Núcleo de Bioinformática do INSA.
Tudo funcionou assim: começou-se por extrair e amplificar o material genético do vírus para que haja muitas amostras. Depois, foi utilizada a “sequenciação de nova geração” para se obter todo o genoma num curto período de tempo. Por fim, fez-se uma análise bioinformática do vírus. Mas, neste caso, só fica mesmo tudo pronto quando se depositam as sequências genéticas investigadas na base de dados pública GISAD. Já a plataforma bioinformática Nextstrain permitiu a integração de todos os genomas tornados públicos na GISAD. Aqui é “plantada” a árvore filogenética deste vírus, isto é, uma representação gráfica que mostra a proximidade entre os diferentes genomas de várias amostras de vírus. Quanto mais próximos estiverem nesta árvore, maior será a probabilidade de existir uma ligação epidemiológica entre eles.
Os dois casos
O que se viu então através da junção dos genomas com a informação epidemiológica dos casos portugueses? O primeiro caso é de um homem que reportou ter vindo de Itália e tinha passado pela Alemanha. “Não sabemos que passagem pela Alemanha foi essa. Mas sabemos que a sequência é idêntica a muitas outras reportadas em Itália, o que é compatível com a informação epidemiológica”, explica João Paulo Gomes.
O segundo caso é de outro homem que veio de Valência, em Espanha. Mas, “curiosamente”, na árvore filogenética fica próximo das sequências de Itália. “Apesar de não termos essa informação epidemiológica, muito provavelmente, a pessoa reportou ter vindo de Espanha e pode ter passado por Itália também”, extrapola o bioinformático. “A infecção de ambos deve ter sido contraída em Itália.”
Um dos genomas tinha mais cinco mutações e o outro mais oito relativamente ao número de mutações dos genomas iniciais sequenciados na China. “Verificámos que o perfil mutacional do coronavírus que causou estes primeiros casos em Portugal enquadra-se no que é expectável”, clarifica João Paulo Gomes. “Na árvore filogenética, estão agrupados perfeitamente em relação a múltiplos outros genomas de vírus causadores de infecção de pessoas que têm o mesmo historial de viagem – ou seja, que passaram ou estiveram em Itália.”
Espera-se que o SARS-Cov-2 tenha, no máximo, duas mutações por mês, o que significa que já era expectável que tenha entre cinco a oito mutações. Essas alterações estão relacionadas com a mutação natural do vírus durante o processo infeccioso e à medida que vai passando de pessoa para pessoa. “[Nestes dois genomas] não detectámos mutações novas que outros [grupos de investigação] não tivessem detectado”, diz o bioinformático, explicando que é “pouco interessante” dizer o que se viu em cada um dos genomas, uma vez que ainda não se conhece o significado das mutações.
Humanos vs SARS-Cov-2
Agora, estamos em plena luta com o vírus. Nós atacamo-lo ao tentar reconhecer regiões que possam ser destruídas através de anticorpos do sistema imunitário. O SARS-Cov-2 enfrenta-nos ao modificar o seu genoma de forma aleatória. As mutações do vírus podem ser prejudiciais para o vírus se os anticorpos as reconhecerem. Assim, conseguimos derrotá-lo. Mas, se as mutações forem vantajosas para o vírus, escapam ao sistema imunitário. O SARS-Cov-2 passa a sobreviver mais facilmente no nosso corpo e vai-se transmitindo de pessoa para pessoa.
As mutações detectadas nos casos portugueses deverão ser vantajosas para o vírus. “Se tivessem sido prejudiciais, não as estávamos a apanhar em várias pessoas e já teriam desaparecido. Estamos a apanhá-las em pessoas aqui e outros países identificaram as mesmas sequências, o que significa que o tipo de mutações que estamos a encontrar é de alguma forma benéficas para o vírus. Não sabemos é em quê.” Para isso, será necessária mais investigação.
Mas, no fundo, estes dois genomas dos casos portugueses só foram cobaias de um trabalho de sequenciação maior. Espera-se que na próxima semana se tenham já sequenciado entre 30 a 40 SARS-Cov de casos em Portugal, o que também dependerá da colaboração com equipas clínicas. Dentro deste trabalho, pretende-se ter a maior parte dos casos que constituem o arranque das infecções em Portugal e todas as primeiras cadeias de transmissão sequenciadas. As cadeias de transmissão representam grupos de pessoas relacionadas epidemiologicamente devido à propagação de um vírus com uma sequência idêntica.
Das vacinas às medidas de contenção
A disponibilidade dos genomas do vírus sequenciados em todo o mundo será útil a curto e médio prazo no desenvolvimento de uma vacina. Uma vacina depende do perfil mutacional do vírus. Isto é, o vírus tem genes que codificam certas proteínas que são reconhecidas pelo sistema imunitário. As vacinas são desenvolvidas com base na sequência dessas proteínas e, por isso, é determinante conhecer todas as variantes das proteínas. Neste momento, há vários grupos de investigação a nível mundial a trabalhar na criação de uma vacina específica para o vírus SARS-Cov-2 que dá origem à doença covid-19.
A sequenciação, disponibilização e análise dos vários genomas pode também informar as autoridades do país quanto às medidas que devem ser tomadas. Vejamos: hoje sabemos que há seis cadeias de transmissão activas e que outras estão a ser investigadas, segundo revelou Marta Temido, ministra da Saúde, na terça-feira. A equipa de João Paulo Gomes pretende confirmar geneticamente essas cadeias de transmissão, bem como detectar a circulação de outras estirpes do SARS-Cov-2 que passam a ser responsáveis por cadeias de transmissão ainda desconhecidas.
Os estudos epidemiológicos traçam essas cadeias, mas a genética pode detectar algo que tenha escapado. Se durante a sequenciação de genomas existirem muitas sequências iguais às que já foram detectadas, quer dizer que têm de ter alguma ligação com os casos já detectados e com as mesmas cadeias de transmissão. Mas, se existirem diferenças nas sequências genéticas, indica que houve pontos de entrada em Portugal que os inquéritos epidemiológicos desconheciam e existem casos de transmissão na comunidade que não têm ligação com nenhum outro caso antes identificado. Este tipo de informação é muito importante na fase inicial da epidemia.
“Imagine que daqui a algumas semanas isto não está controlado, que o número de casos aumenta e verificamos que temos variadíssimas sequências do coronavírus: umas que não têm nada a ver umas com as outras e ainda outras que têm a ver com as cadeias de transmissão que já conhecemos”, especula João Paulo Gomes. “O que é que isto nos diz? Que houve outros pontos de entrada no país que nem sonhávamos para além daqueles que conhecemos. Até podemos ter sequências iguais, mas não estarem minimamente associadas epidemiologicamente com nenhum dos casos relatados. Isto pode abrir os olhos às pessoas para que percebam que temos muitos mais pontos de introdução.” Desta forma, pode justificar medidas de saúde pública mais rígidas. “A introdução de múltiplos casos que epidemiologicamente desconhecemos poderá justificar acções de encerramento ou em que se evitem contactos.”
Para o bioinformático, os grandes balanços sobre os resultados de todos os genomas sequenciados do vírus só poderão fazer-se daqui a alguns meses.
“Vacinas sem agulhas” podem Revolucionar a Distribuição de Medicamentos em Todo o Mundo
- 14 de março de 2020 -

"Cientistas criaram um novo método para estabilizar medicamentos e vírus numa película que não requer refrigeração e pode facilitar imenso o processo distribuição."
A corrida começou para identificar uma vacina eficaz para o vírus Covid-19. Uma vez descoberta, o próximo desafio será fabricá-la e distribuí-la pelo mundo.
Um grupo de investigadores garante ter desenvolvido um novo método para estabilizar vírus vivos e outros medicamentos biológicos numa película de rápida dissolução que não requer refrigeração e pode ser administrada por via oral.
Como os ingredientes para fazer a película são baratos e o processo é relativamente simples, isto poderia tornar as campanhas de vacinação muito mais acessíveis. Grandes quantidades podem ser enviadas e distribuídas facilmente, devido à sua forma plana.
Globalmente, as taxas de vacinação melhoraram na última década, mas ainda são muito baixas — 13,5 milhões de crianças não foram vacinadas em 2018. Esta nova tecnologia, publicada recentemente na revista Science Advances, tem o potencial de melhorar drasticamente o acesso global a vacinas e outros medicamentos biológicos.
Inspirado em rebuçados
A equipa de investigação começou a desenvolver esta tecnologia em 2007, quando os Institutos Nacionais de Saúde pediram para desenvolver um método de entrega sem agulha e não perecível em prateleiras para uma vacina.
A ideia de desenvolver uma película foi inspirada num documentário sobre como o ADN de insetos e outros seres vivos pode ser preservado durante milhões de anos em âmbar. Isso levou os cientistas a pensar em rebuçados.
Era uma ideia simples, mas ninguém tinha tentado. Por isso, começaram a trabalhar misturando uma variedade de formulações contendo ingredientes naturais, como açúcares e sais, e testando-os quanto à capacidade de formar um rebuçado semelhante a âmbar.
Inicialmente, muitas das tentativas testadas mataram o organismo quando a película se formou ou cristalizou durante o armazenamento, destruindo o vírus ou as bactérias que estavam a tentar preservar. Mas, finalmente, após cerca de 450 tentativas ao longo de um ano, encontraram uma solução.
À medida que ganharam mais experiência com o processo de produção, trabalharam para simplificá-lo, para que não fosse necessário um formação técnica extensiva. Além disso, aprimoraram os ingredientes para que secassem mais rapidamente, permitindo que se fizesse um lote de vacinas pela manhã e o enviasse após o almoço.
A equipa está agora a trabalhar com uma startup para poder lançar esta tecnologia no mercado nos próximos dois anos.
Mais benefícios
Todas as vacinas armazenadas perdem a sua potência ao longo do tempo. A taxa na qual elas fazem isso depende principalmente da temperatura em que são mantidas. Manter as vacinas continuamente refrigeradas é difícil e caro — e em algumas partes do mundo, quase impossível. Portanto, criar uma vacina que possa ser armazenada e transportada à temperatura ambiente é uma enorme vantagem.
A maior inovação deste projeto ocorreu quando estavam a terminar o projeto de vacina contra o Ébola e encontraram películas que continham vírus produzidos há três anos, armazenados num recipiente selado na bancada do laboratório.
Por capricho, os investigadores voltaram a hidratá-la e testaram para determinar se a vacina ainda era capaz de induzir uma resposta imune. Para sua surpresa, mais de 95% dos vírus na película ainda estavam ativos. Atingir este tipo de prazo de validade numa vacina não refrigerada foi surpreendente.
A pegada ecológica deixada pelas campanhas globais de imunização não é frequentemente considerada. A Campanha de Eliminação de Sarampo das Filipinas de 2004, que imunizou 18 milhões de crianças num mês, gerou 19,5 milhões de seringas, ou 143 toneladas de resíduos de objetos cortantes e quase 80 toneladas de resíduos não perigosos — frascos vazios, invólucros de seringas, bonés, cotonetes e embalagens. As implicações para uma campanha maior são significativas.
Esta nova película, por outro lado, pode ser distribuída por profissionais de saúde equipados apenas com um envelope com uma vacina. Uma vez tomada, não deixará vestígios, exceto uma população global saudável.
Descoberta Célula que Poderá Tratar Todos os Tipos de Cancro
- 15 de março de 2020 -

Fonte:https://www.rtp.pt/noticias/mundo/descoberta-celula-que-podera-tratar-todos-os-tipos-de-cancro_n1199427
Um grupo de investigadores da Universidade de Cardiff, no País de Gales, encontrou um novo tipo da "Célula T" - responsável pela defesa do organismo contra ameaças desconhecidas, como vírus e bactérias - que poderá atacar e destruir a grande maioria dos vários tipos de cancro.
As descobertas foram publicadas na revista científica Nature Immunology e ainda não foram testados em doentes. Contudo, os investigadores acreditam que, embora o trabalho ainda esteja num estágio inicial, esta descoberta tem “um enorme potencial”, refere a BBC.
Os cientistas encontraram uma célula no sangue das pessoas que pode avaliar se existe uma ameaça a ser eliminada. Esta nova célula imune suporta um recetor que age como um gancho, que se agarra à maioria dos cancros ao mesmo tempo que ignora as células saudáveis.
Andrew Sewell, responsável pelo estudo, afirma que é “altamente incomum” encontrar uma célula com potencialidades terapêuticas assim tão vastas no combate ao cancro e que esta descoberta aumenta a perspetiva de criar uma “terapia universal”.
“A nossa descoberta aumenta a perspetiva para os tratamentos contra o cancro. Este tipo de célula pode ser capaz de destruir muitos tipos diferentes de cancro. Antes, ninguém achava que isto fosse possível. Esta foi uma descoberta acidental, ninguém sabia que esta célula existia”, contou Sewell ao The Telegraph.
A equipa de investigadores descobriu que este novo tipo de célula T pode encontrar e matar uma grande diversidade de células cancerígenas, incluindo as presentes no cancro do pulmão, pele, sangue, mama, osso, próstata, ovário, rim e colo do útero.
Embora o processo como a célula ataca outras células ainda não seja compreendido, os cientistas acreditam que o recetor das células T interage com uma molécula, chamada de MR1, que existe na superfície de todas as células do corpo humano.
“Somos os primeiros a descrever uma célula T que se encontra com a MR1 nas células cancerígenas. Isto nunca foi feito antes”, afirmou Gary Dolton, participante da investigação, em entrevista à BBC.
Células T e a imunoterapia
As terapias das células T contra o cancro já existem e o desenvolvimento da imunoterapia contra a doença foi um dos mais importantes avanços neste campo. Os tratamentos, conhecidos como CAR-T ou TCR-T, envolvem a retirada de células imunes de um doente, que posteriormente são alteradas para que possam prender-se às moléculas que ficam na superfície das células cancerígenas.
No entanto, os tratamentos até agora realizados apenas são úteis em algumas formas de leucemia e não resultam nos tumores sólidos, que são a maioria dos cancros.
Os investigadores da Universidade de Cardiff acreditam que o recetor que encontraram nas células T pode conduzir a um tratamento para todos os tipos de cancro.
A ideia dos investigadores consiste em retirar uma amostra de sangue de um doente com cancro e extrair as células T para, posteriormente, serem geneticamente modificadas e reprogramadas para produzir o recetor com função de deter o cancro. As células alteradas seriam cultivadas em grandes quantidades em laboratório e recolocadas no doente.
Seguem-se os testes em seres humanos
Contudo, os investigadores afirmam que esta pesquisa foi apenas testada em animais e que são necessários mais testes para confirmar se o tratamento pode ser aplicado em humanos.
Quando injetaram novas células num rato portador de cancro e com um sistema imunológico humano, os cientistas encontraram resultados “encorajadores para a eliminação do cancro”.
Os resultados mostraram ainda que as células T dos doentes com cancro de pele, modificadas para expor o novo recetor, podem destruir as células cancerígenas do próprio paciente e também as células cancerígenas de outros doentes.
Andrew Sewell afirmou que existem “pessoas certas” interessadas em desenvolver o potencial desta nova terapia e acredita que os progressos podem chegar “muito rapidamente”, cita The Telegraph.
No caso de o tratamento passar nos protocolos de segurança laboratoriais, a equipa pretende começar já em novembro os testes em humanos com doenças terminais.
Apesar dos elogios de vários quadrantes, alguns investigadores acreditam ser demasiado cedo para afirmar que estamos perante uma terapia que pode funcionar em todos os tipos de cancro.
Lúcia Mori e Gennaro De Libero, da Universidade de Basileia, na Suíça, afirmam estar muito entusiasmados com as “funções imunológicas deste novo tipo de células T e com o seu potencial”, mas acreditam ser “muito cedo para dizer que funciona em todos os tipos de cancro”, cita a BBC.
Também o professor de imunologia da Universidade de Manchester, Daniel Davis, afirma que “é uma pesquisa muito interessante. No entanto, é ainda muito básica e não está próxima dos medicamentos atuais”.
O investigadores da Universidade de Cardiff pretendem agora perceber se as células são comuns no organismo humano, uma vez que estas “podem ser muito raras, mas também pode dar-se o caso de a maioria dos seres humanos terem esses recetores sem estarem ativados”.
“É como se tivesse uma mão outra vez.” Cientistas Desenvolvem Prótese Controlada pela Mente
- 16 de março de 2020 -

"Foi dado mais um passo no desenvolvimento de próteses controladas pela mente humana. Desta vez, cientistas norte-americanos criaram um membro biónico que é movimentado intuitivamente e em tempo real."
Uma equipa de cientistas da Universidade do Michigan, nos Estados Unidos, captou sinais fracos e latentes dos nervos de pacientes amputados e amplificaram-nos, o que permitiu a movimentação intuitiva e em tempo real de uma mão robótica. O artigo científico foi publicado na semana passada na Science Translational Medicine.
Num primeiro momento, os cientistas concentraram-se nas terminações nervosas dos pacientes e separaram os feixes de nervos espessos em fibras mais pequenas – permitindo assim um controlo mais preciso – e amplificaram os sinais que atravessam esses mesmos nervos.
Paul Cederna, professor de cirurgia plástica da universidade norte-americana, explicou que este “é o maior avanço no controlo motor de pessoas com amputações em muitos anos”. “Desenvolvemos uma técnica para permitir o controlo individual dos dispositivos protéticos com os dedos, usando os nervos no membro residual do paciente. Com isso, conseguimos fornecer alguns dos mais avançados controlos protéticos que o mundo já viu.”
“Os participantes conseguiram, logo na primeira tentativa, controlar a prótese naturalmente. Não houve necessidade de aprenderem a usá-la. Toda a aprendizagem ficou a cargo dos nossos algoritmos”, adiantou a professora de engenharia Cindy Chestek. Nos testes, a interface funcionou durante 300 dias sem necessidade de recalibração.
Uma das principais dificuldades que os cientistas enfrentam neste campo das próteses controladas pela mente é a captação de um sinal nervoso suficientemente forte e estável para alimentar o membro biónico.
Para pessoas com amputações, não havia, até agora, uma solução que substituísse o membro em falta, porque os sinais nervosos que carregam são muito fracos.
Esta equipa realizou pequenos excertos musculares em torno das terminações nervosas nos braços dos participantes. Estas “interfaces nervosas periféricas regenerativas” (RPNIs) oferecem aos nervos cortados novos tecidos aos quais se podem “agarrar”.
Além de este fenómeno impedir o crescimento de massas nervosas (neuromas), que causam dor nos membros, também amplifica os sinais nervosos, adianta o TheScientist.
Os investigadores colocaram elétrodos nos excertos musculares de dois pacientes, e estes dispositivos foram capazes de registar sinais nervosos e passá-los, em tempo real, para uma mão protética.
“Nas abordagens anteriores, conseguimos obter 5 microvolts ou 50 microvolts – sinais muito fracos. Agora, conseguimos os primeiros sinais de milivolts.”
Os participantes deste estudo ainda não pode levar o novo braço para casa, mas no laboratório conseguiram pegar em blocos com uma pinça, mover o polegar num movimento contínuo, levantar objetos esféricos e até jogar uma versão adaptada do famoso “pedra, papel ou tesoura” – desta vez chamada “pedra, papel ou alicate”.
“É como se você tivesse uma mão outra vez”, disse Joe Hamilton, participante do estudo, que perdeu o braço num acidente que envolveu fogo de artifício, em 2013. “Consigo fazer qualquer coisa com esta mão. Isto traz de volta uma sensação de normalidade.”
Novas Lentes de Contacto de Alta Tecnologia Ajudam a Corrigir Daltonismo
- 16 de março de 2020 -

Fonte:https://zap.aeiou.pt/lentes-contacto-daltonismo-312791?fbclid=IwAR2uVnw5Xt3-ZAGRMbLJ9KkfHJdCdgCVxyHGmWscAj0_mWvKDCAvDkgKoYs
"As novas lentes de contacto podem ajudar pessoas com daltonismo a restaurar deficiência de contraste e a melhorar a perceção das cores."
Um ser humano saudável consegue distinguir cerca de um milhão de cores. Um novo tipo de lente de contacto, desenvolvido por investigadores da Universidade de Tel Aviv, em Israel, pode ajudar a restaurar parte dessa faixa em pessoas com daltonismo, cuja perceção da cor é limitada em algumas partes do cérebro.
A investigação, publicada recentemente a The Optical Society, envolveu a incorporação de dispositivos óticos superfinos – chamados metassuperfícies – em lentes de contacto para corrigir o daltonismo.
A tecnologia de filtragem está relacionada com as estranhas propriedades óticas das metassuperfícies, minúsculas variações na superfície destinadas a alterar a maneira como a luz reflete ou passa para um material. “As nossas lentes de contacto usam metassuperfícies baseadas em elipses de ouro de tamanho nano-métrico para criar uma forma personalizada, compacta e durável de solucionar essas deficiências.”
O uso de uma metassuperfície em vez de um agente de filtragem facilita muito o ajuste das propriedades do material para atender às necessidades individuais.
Para se ter uma ideia do efeito destas lentes de contacto inovadoras, na primeira imagem acima vê-se uma árvore tal como a maioria da população a vê. A segunda árvore corresponde à visão de alguém com daltonismo, e a terceira árvore corresponde à imagem corrigida por uma lente gravada em metassuperfície.
Estas lentes podem ser uma solução conveniente e confortável para pessoas que sofrem diariamente com esta condição. “Os óculos baseados neste conceito de correção estão disponíveis comercialmente, mas são significativamente mais volumosos”, explicou Sharon Karepov, membro da equipa, citada pelo ScienceAlert.
O elemento ótico é ultrafino e pode ser incorporado a qualquer lente de contacto rígida. Esta inovação adiciona novas opções interessantes ao mercado da terapia para daltonismo, e pode também ser personalizada para atender a uma variedade de deficiências visuais.
Antes de chegarem ao mercado, as lentes de contacto precisam de passar por alguns testes clínicos. Para já, os cientistas afirmam que as simulações de laboratório sugerem que as distinções de cores podem ser 10 vezes melhores com estas lentes de contacto.
Toxina presente no veneno de escorpião usada no tratamento do cancro cerebral
- 17 de março de 2020 -

Fonte:https://zap.aeiou.pt/veneno-escorpiao-cancro-cerebral-312963?fbclid=IwAR2oWg9ef3VyAX8sezLyO1us6GOMCbf78fIyn0L5P6rxyx3lfTzGDTEGf5g
Sob o mote “Do escorpião à imunoterapia”, uma equipa de cientistas norte-americanos reaproveitou uma toxina presente no veneno deste animal para desenvolver a primeira terapia com células T do tipo CAR para tratar tumores cerebrais.
Alguns tratamentos contra o cancro do sangue foram revolucionados graças às terapias CAR-T, que modificam as células T dos pacientes para atingir as proteínas ligadas ao cancro. Mas, até agora, estes tratamentos não conseguiram demonstrar muito potencial contra tumores sólidos, como o glioblastoma agressivo do cancro cerebral.
Agora, uma equipa de cientistas norte-americanos da City of Hope desenvolveu um novo recetor de antígeno quimérico (CAR) com células T (CAR-T) usando clorotoxina (CLTX), um composto presente no veneno de escorpião, de modo a direcionar as células T para as células tumorais cerebrais.
Os investigadores já iniciaram o primeiro ensaio clínico em humanos e os avanços foram recentemente publicados na Science Translational Medicine.
O direcionamento para o glioblastoma é muito complicado devido à diversidade dos tumores. Para que o CAR-T funcione, os CARs na superfície das células T têm de ser capazes de se agarrar a tumores com variações genéticas diferentes.
Neste estudo, os cientistas usaram células tumorais obtidas a partir de amostras de um grupo de pacientes com glioblastoma, com o objetivo de comparar a ligação de CLTX à expressão de antígenos atualmente sob investigação como alvos para células CAR-T, incluindo IL13Rα2, HER2 e EGFR.
Desta forma, descobriram que a clorotoxina se ligava a uma proporção maior de tumores e células de pacientes dentro destes tumores.
Além disso, a equipa chegou à conclusão que as células CLTX-CAR_T reconheciam e eliminavam grandes populações de células de glioblastoma sem afetar as células não-tumorais no cérebro e em outros órgãos.
Em ensaios pré-clínicos e em modelos animais, estas células foram muito eficazes na morte seletiva de células de glioblastoma humano.
Citada pelo ABC, a autora do estudo, Christine Brown, disse que esta “é uma estratégia de direcionamento completamente nova para a terapia CAR-T que incorpora uma estrutura de reconhecimento diferente das já existentes”.
O escorpião usa componentes de toxinas do seu veneno para atacar e matar as suas presas. Da mesma forma, esta equipa usou a clorotoxina para direcionar as células T para atacar as células tumorais. “Na verdade, não estamos a injetar uma toxina, mas a explorar as propriedades de ligação do CLTX no design do CAR”, rematou o cientista Michael Barish.
Cientistas Brasileiros já Trabalham numa Candidata à Vacina Contra novo Coronavírus
- 18 de março de 2020 -

Fonte:https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-da-saude/cientistas-brasileiros-ja-trabalham-numa-candidata-a-vacina-contra-novo-coronavirus/?fbclid=IwAR0GWtnrxDa_3X9I8IgvmU58iQTxJV3BEsnR3uiZ6yQDxW57WrcVavKvcJM
Pesquisadores do Laboratório de Imunologia do Instituto do Coração (Incor) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) estão desenvolvendo uma vacina contra o coronavírus da síndrome respiratória aguda grave, o Sars-CoV-2.
Por meio de uma estratégia diferente das adotadas por indústrias farmacêuticas e grupos de pesquisa em diversos países, os cientistas brasileiros esperam acelerar o desenvolvimento e conseguir chegar, nos próximos meses, a uma candidata a vacina contra o novo coronavírus que possa ser testada em animais.
“Acreditamos que a estratégia que estamos empregando para participar desse esforço mundial para desenvolver uma candidata à vacina contra a covid-19 é muito promissora e poderá induzir uma resposta imunológica melhor do que a de outras propostas que têm surgido, baseadas fundamentalmente em vacinas de mRNA”, disse à Agência Fapesp Jorge Kalil, diretor do Laboratório de Imunologia do Incor e coordenador do projeto, apoiado pela Fapesp.
Utilizada no desenvolvimento da primeira vacina experimental contra o Sars-CoV-2, anunciada no fim de fevereiro nos Estados Unidos, a plataforma tecnológica de mRNA se baseia na inserção na vacina de moléculas sintéticas de RNA mensageiro (mRNA) – que contêm as instruções para produção de alguma proteína reconhecível pelo sistema imunológico.
A ideia é que o sistema imunológico reconheça essas proteínas artificiais para posteriormente identificar e combater o coronavírus real. Já a plataforma que será utilizada pelos pesquisadores do Incor é fundamentada no uso de partículas semelhantes a vírus (VLPs, na sigla em inglês de virus like particles).
Estruturas multiproteicas, as VLPs possuem características semelhantes às de um vírus e, por isso, são facilmente reconhecidas pelas células do sistema imune. Porém, não têm material genético do vírus, o que impossibilita a replicação. Por isso, são seguras para o desenvolvimento de vacinas.
“Em geral, as vacinas tradicionais, baseadas em vírus atenuados ou inativados, como a do influenza [causador da gripe], têm demonstrado excelente imunogenicidade, e o conhecimento das características delas serve de parâmetro para o desenvolvimento bem-sucedido de novas plataformas vacinais”, afirmou Gustavo Cabral, pesquisador responsável pelo projeto.
“Mas, neste momento, em que estamos lidando com um vírus pouco conhecido, por questões de segurança é preciso evitar inserir material genético no corpo humano para evitar eventos adversos, como multiplicação viral e possivelmente reversão genética da virulência. Por isso, as formas alternativas para o desenvolvimento da vacina anticovid-19 devem priorizar, além da eficiência, a segurança”, ressaltou Cabral.
A fim de permitir que sejam reconhecidas pelo sistema imunológico e gerem uma resposta contra o coronavírus, as VLPs são inoculadas juntamente com antígenos – substâncias que, ao serem introduzidas no corpo humano fazem com que o sistema imune produza anticorpos.
Dessa forma, é possível unir as características de adjuvante dos VLPs com a especificidade do antígeno. Além disso, as VLPs, por serem componentes biológicos naturais e seguros, são facilmente degradadas, explicou Cabral.
“Com essa estratégia é possível direcionar o sistema imunológico para reconhecer as VLPs conjugadas a antígenos como uma ameaça e desencadear a resposta imune de forma eficaz e segura”, disse.
Plataforma de antígenos:
O pesquisador fez nos últimos cinco anos pós-doutorados nas universidades de Oxford, na Inglaterra, e de Berna, na Suíça, onde desenvolveu candidatas a vacinas utilizando VLPs contra doenças, como a causada pelo vírus zika.
Por meio de um projeto apoiado pela Fapesp, Cabral retornou ao Brasil onde iniciou, no Laboratório de Imunologia do Incor, no começo de fevereiro, um estudo voltado a desenvolver vacinas contra Streptococcus pyogenes – causador da febre reumática e da cardiopatia reumática crônica – e chikungunya utilizando VLPs.
Com a pandemia da covid-19, o projeto foi redirecionado para desenvolver uma vacina contra o novo coronavírus.
“O objetivo é desenvolver uma plataforma de entrega de antígenos para células do sistema imune de forma extremamente fácil e rápida e que possa servir para desenvolver vacina não só contra a covid-19, mas também para outras doenças emergentes”, ressaltou Cabral.
Os antígenos do novo coronavírus estão sendo produzidos a partir da identificação de regiões da estrutura do vírus que interagem com as células e permitem a entrada dele, as chamadas proteínas spike.
Essas proteínas, que são protuberâncias pontiagudas ao redor do envelope viral, resultam no formato de coroa, que conferiu o nome corona a esse grupo de vírus.
Após a identificação dessas proteínas spike, são extraídos fragmentos delas que são conjugadas às VLPs.
Por meio de testes com o plasma sanguíneo de pacientes infectados pelo novo coronavírus é possível verificar quais fragmentos induzem uma resposta protetora e, dessa forma, servem como potenciais candidatos a antígenos.
“Já estamos sintetizando esses antígenos e vamos testá-los em soro de pacientes infectados”, afirmou Cabral.
Após a realização dos testes em camundongos e comprovada a eficácia da vacina, os pesquisadores pretendem estabelecer colaborações com outras instituições de pesquisa para acelerar o desenvolvimento.
“Após comprovarmos que a vacina neutraliza o vírus, vamos procurar associações no Brasil e no exterior para encurtarmos o caminho e desenvolver o mais rápido possível uma candidata à vacina contra a covid-19”, disse Kalil.
O pesquisador é coordenador do Instituto de Investigação em Imunologia, sediado no Incor – um dos INCTs apoiados pela Fapesp no Estado de São Paulo.
Uma dieta com menos Calorias pode Prolongar a Vida
- 20 de março de 2020 -

Fonte:https://zap.aeiou.pt/uma-dieta-com-menos-calorias-pode-prolongar-a-vida-312981?fbclid=IwAR2bzZpMEdPt4iaADN5FvjjDhTk6MEWCnZ4J_t6_CkouEp6ZnmJx8uGHHXY
Através de experiências com ratos, uma equipa de cientistas descobriu de que forma a restrição calórica impede os efeitos negativos do envelhecimento nas células.
Uma recente pesquisa em ratos demonstrou que uma dieta restrita em calorias impede os efeitos negativos do envelhecimento nas células. O artigo científico com as descobertas foi publicado na revista Cell.
Os efeitos positivos da restrição calórica são conhecidos há muito tempo e os seus efeitos na longevidade foram demonstrados em muitos animais experimentais, incluindo primatas. Neste novo estudo, as células individuais da maioria dos órgãos e tecidos dos ratos foram analisadas em diferentes momentos da sua vida e mediante vários regimes de ingestão calórica.
Os cientistas verificaram que as intervenções metabólicas, como a restrição calórica, reprogramam vários parâmetros celulares e moléculas que levam ao rejuvenescimento funcional.
As dietas dos animais foram controladas entre 18 a 27 meses e, tanto no início como no fim da dieta, a equipa isolou e analisou um total de 168.703 células de 40 tipos em 56 ratos, provenientes de tecidos gordurosos, fígado, rim, aorta, pele, medula óssea, cérebro e músculos.
Em cada célula isolada, através da tecnologia de sequenciamento genético unicelular, os cientistas mediram os níveis de atividade genética e compararam animais velhos e jovens em cada dieta. Depois dessas análises, chegaram à conclusão que muitas das alterações que ocorreram nos ratos que ingeriam uma dieta normal à medida que envelheciam, não ocorreram nos roedores com dieta restrita.
Em suma, 57% das alterações na composição dos tecidos dos ratos que seguiram uma dieta normal não foram observadas naqueles que ingeriram menos calorias, adianta o Hipertextual.
Algumas das células e genes mais afetados pela dieta estão relacionados à imunidade, inflamação e metabolismo lipídico. Para Juan Carlos Izpisúa, investigador que participou neste estudo, o trabalho mostra que o envelhecimento é um processo que pode ser modulado e que certas alterações celulares e moleculares que levam à aceleração podem ser alteradas, neste caso com restrição calórica.
“O maior fator de risco para qualquer doença é o envelhecimento. Desta forma, o desenvolvimento de estratégias para desacelerá-lo terá um impacto fundamental no tratamento de doenças”, concluiu.
Novo Estudo Volta a Sugerir que Coronavírus é Intransmissível de Mães para Filhos
- 25 de março de 2020 -

Fonte:https://www.publico.pt/2020/03/17/ciencia/noticia/novo-estudo-volta-sugerir-coronavirus-intransmissivel-maes-filhos-1908077?fbclid=IwAR23Tcs43HACl-te6R3mgBXjM0F8J1m5Pq7hznDjXEFVeDAViqOsdzUcdeU
Um novo estudo de casos na China volta a sugerir que o coronavírus que causa a doença covid-19 é intransmissível das grávidas para os recém-nascidos. Publicado na revista científica Frontiers in Pediatrics, é o segundo estudo do género realizado na China que confirma que as mães infectadas com o novo coronavírus não infectam os seus filhos durante a gravidez.
O novo estudo envolveu quatro grávidas com covid-19 que deram à luz num hospital de Wuhan, cidade onde foi detectado em Dezembro o novo coronavírus, responsável por infecções respiratórias como pneumonia. Nenhum dos quatro recém-nascidos teve sintomas de covid-19, como febre ou tosse, apesar de, por precaução, terem sido isolados em unidades de cuidados neonatais intensivos.
Os bebés continuam saudáveis e as mães estão curadas. Três das quatro grávidas tiveram um parto por cesariana. Um dos recém-nascidos teve um pequeno problema respiratório, mas apenas durante três dias, tendo sido ventilado mecanicamente. O mesmo bebé e um outro tiveram erupções cutâneas que desapareceram posteriormente. Os cientistas desconhecem se existe alguma ligação entre este sintoma e a infecção por covid-19 das mães.
Os investigadores advertem que mais estudos com recém-nascidos serão necessários, uma vez que a sensibilidade aos testes de diagnóstico do coronavírus é de cerca de 71%. Para este efeito, os cientistas estão a recolher amostras de placenta, líquido amniótico, sangue e fluido gástrico.
Um estudo anterior, que acompanhou nove grávidas com covid-19 que fizeram um parto por cesariana, concluiu que o coronavírus não se transmite aos bebés durante a gestação. Se o parto por cesariana é mais benéfico do que o vaginal, não se sabe, é preciso mais investigação, assinalam os autores do novo trabalho, divulgado em comunicado pela editora da Frontiers in Pediatrics.
Nos surtos de outros coronavírus, como os associados à síndrome respiratória aguda grave (SARS) e à síndrome respiratória do Médio Oriente (MERS), os cientistas não encontraram indícios de transmissão viral entre mãe e filho durante a gravidez. Contudo, a SARS e a MERS estão ligadas a abortos espontâneos e à mortalidade materna.
Na madrugada desta terça-feira, nasceu o primeiro bebé de uma mulher infectada pelo novo coronavírus em Portugal. O parto aconteceu no Hospital de São João, no Porto, e mãe e filho estão bem de saúde, segundo apurou o PÚBLICO. Por enquanto, aguardam-se os testes para se saber se o bebé tem ou não covid-19.
A covid-19, que já causou um morto em Portugal, um homem de 80 anos que tinha problemas de saúde associados, foi declarada como pandemia pela Organização Mundial da Saúde. Os idosos e ou doentes com patologias crónicas são um grupo de risco acrescido à infecção do novo coronavírus.